segunda-feira, 20 de novembro de 2023

A Argentina tem um Novo Presidente

    A vitória de Javier Milei nas eleições presidenciais da Argentina foi um resultado surpreendente e histórico, que refletiu o descontentamento da população com a política tradicional e a crise econômica e social que o país enfrenta há anos. Milei, um economista libertário, derrotou no segundo turno o ministro da Economia, Sergio Massa, que contava com o apoio do atual presidente, Alberto Fernández, e da vice-presidente, Cristina Kirchner. Milei obteve 55,95% dos votos válidos, contra 44,04% de Massa.

Milei obteve 55,95% dos votos válidos, contra 44,04% de Massa


    Milei se apresentou como um candidato anti-establishment, que prometeu mudanças radicais na Argentina, como a dolarização da economia, a eliminação do Banco Central, a redução drástica do tamanho do Estado, a privatização de empresas estatais, a flexibilização das restrições para venda de órgãos e para compra e porte de armas, e o rompimento com o Mercosul. Milei também se posicionou contra a condenação por corrupção de Cristina Kirchner, a quem chamou de "ladra" e "assassina". Milei conquistou o apoio de milhões de argentinos, especialmente dos jovens, que se identificaram com seu discurso de liberdade individual, de defesa do mercado e de crítica à "casta política".

Milei conquistou o apoio de milhões de argentinos que se identificaram com
sua crítica à "casta política"


    No entanto, a vitória de Milei também gerou preocupação e resistência de diversos setores da sociedade argentina, que temem as consequências de suas propostas para a democracia, os direitos humanos, a soberania nacional, a integração regional, a distribuição de renda e o desenvolvimento sustentável. Milei enfrentará uma forte oposição no Congresso, onde não terá maioria, e nos movimentos sociais, que prometem se mobilizar contra suas medidas. Milei também terá que lidar com os desafios de uma economia em recessão, com uma inflação anual de 140% e com 40% da população abaixo da linha de pobreza.

    As expectativas para o governo de Milei são incertas e variadas. Alguns analistas acreditam que Milei poderá implementar parte de seu programa, aproveitando o desgaste do peronismo e a demanda por mudança. Outros, porém, duvidam da viabilidade e da eficácia de suas propostas, e preveem um cenário de instabilidade e conflito. Milei também terá que definir sua relação com os demais países da região e do mundo, especialmente com o Brasil, seu principal parceiro comercial, e com a China, seu maior credor. Milei já declarou que admira o presidente Jair Bolsonaro, mas também que pretende renegociar a dívida externa argentina.

    Milei assumirá a presidência da Argentina em 10 de dezembro de 2023, com a missão de cumprir suas promessas de campanha e de enfrentar os problemas que afligem o país. Sua vitória representa uma ruptura com o passado e um desafio para o futuro, que poderá ter impactos não só para a Argentina, mas para toda a América Latina.


terça-feira, 7 de novembro de 2023

Israel pode ocupar Gaza por tempo indeterminado

    O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que, quando a guerra terminar, Israel pode assumir "indefinidamente" a responsabilidade pela segurança na Faixa de Gaza, o que poderia implicar em uma nova ocupação do território. No entanto, é difícil dizer que a Faixa de Gaza seria anexada, já que na percepção de muitos analistas isso traria mais problemas do que soluções.

    Netanyahu disse que já viu o que acontece quando Israel não tem essa responsabilidade, referindo-se ao ataque do Hamas. O Ministro também disse que Israel não tem nenhum desejo de governar as vidas dos palestinos, mas que é preciso haver uma autoridade palestina legítima e um caminho para um Estado palestino.

Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel pode assumir a responsabilidade pela segurança na Faixa de Gaza (fonte: USA)

     A Faixa de Gaza é um território palestino que está sob o controle do grupo islâmico Hamas desde 2007, após uma violenta disputa com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa partes da Cisjordânia. Israel, que considera o Hamas uma organização terrorista, mantém um bloqueio econômico e militar sobre Gaza, restringindo a entrada e saída de pessoas, bens e serviços, buscando enfraquecer o grupo.

Ataque do Hamas desencadeou uma forte resposta militar de Israel


    Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel, infiltrando mais de 3 mil homens armados em solo israelense e matando 1.400 pessoas, a maioria civis. O ataque desencadeou uma resposta militar de Israel, que iniciou uma campanha de bombardeios aéreos e uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, com o objetivo de eliminar o Hamas e restaurar a segurança na fronteira. A guerra já causou milhares de mortes, na Faixa de Gaza, que enfrenta uma grave crise humanitária, com escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível. A ajuda humanitária que chega é insuficiente para atender às necessidades da população.

 A Faixa de Gaza está sob o controle do grupo islâmico Hamas desde 2007


    O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fez uma visita surpresa a Ramallah, na Cisjordânia, onde se reuniu com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que é amplamente deslegitimado pela população palestina. Abbas pediu o fim imediato da guerra e disse que estava pronto para assumir a responsabilidade por Gaza no âmbito de uma solução política abrangente. O líder da autoridade palestina também reivindicou a retomada das negociações de paz com Israel, baseadas nas resoluções da ONU e na solução de dois Estados.

    A possível ocupação israelense da Faixa de Gaza cria um cenário tenso, entretanto era uma realidade que não surpreendeu analistas. Existe uma forte pressão da sociedade para que o governo de Israel crie mecanismos para garantir a segurança e evitar novos ataques do Hamas. A comunidade internacional, especialmente os EUA e os países que compõe o Conselho de Segurança da ONU, tem um papel vital na mediação desse conflito, buscando uma solução pacífica e duradoura, que respeite os direitos humanos e o direito internacional.



quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Entenda porque o Egito não abre a Fronteira com Gaza?

    A fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza é um dos pontos mais sensíveis do conflito entre Israel e os palestinos. Essa fronteira é controlada pelo Egito, que tem um acordo de paz com Israel desde 1979, mas também mantém relações diplomáticas com a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia. A Faixa de Gaza, por sua vez, é dominada pelo grupo islâmico Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Portões de Rafah — Única passagem entre Egito e Faixa de Gaza
 

    A passagem de Rafah, que liga o Egito à Faixa de Gaza, é o único ponto de entrada ou saída do território palestino que não está sob o controle de Israel. Essa passagem é vital para o abastecimento de alimentos, água, medicamentos e combustível para os cerca de dois milhões de habitantes de Gaza, que vivem sob um bloqueio econômico imposto por Israel desde 2007, quando o Hamas assumiu o poder na região.

Fronteiras do Egito, Jordânia e Faixa de Gaza


    No entanto, a passagem de Rafah não está sempre aberta. O Egito fecha e abre a fronteira de acordo com seus interesses políticos e de segurança, que nem sempre coincidem com os dos palestinos. O Egito teme que o Hamas possa apoiar grupos extremistas que atuam no Sinai, uma península egípcia que faz fronteira com Gaza e Israel. Além disso, o Egito busca manter uma boa relação com Israel e os Estados Unidos, que pressionam para que a fronteira seja fechada como forma de isolar e enfraquecer o Hamas.

    O muro entre o Egito e a Faixa de Gaza é uma barreira física construída pelo governo egípcio para impedir a entrada de palestinos no território egípcio. O muro tem cerca de 14 quilômetros de extensão e 10 metros de altura, e é reforçado por câmeras, sensores e soldados armados. O muro foi iniciado em 2009, após o conflito entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e foi concluído em 2010.

    O governo do Egito tem sido relutante em abrir a fronteira para a chegada dos palestinos que possam eventualmente querer fugir da guerra por vários motivos. Um deles é a preocupação com a segurança nacional, pois o Egito teme que o Hamas ou outros grupos radicais possam infiltrar-se no país e realizar ataques terroristas. Outro motivo é a pressão diplomática de Israel e dos Estados Unidos, que consideram o Hamas uma organização terrorista e querem isolar a Faixa de Gaza. Além disso, o Egito tem uma relação tensa com o Hamas, que é uma ramificação da Irmandade Muçulmana, um grupo político islâmico que foi deposto pelo exército egípcio em 2013.

Mohamed Morsi — Presidente deposto ligado a Irmandade Muçulmana



    A situação dos palestinos na Faixa de Gaza é muito difícil, pois eles sofrem com a escassez de alimentos, água, eletricidade, medicamentos e outros recursos básicos. Eles também estão sujeitos a frequentes ataques militares de Israel, que impõe um bloqueio econômico e político ao território desde 2007. A fronteira com o Egito é uma das poucas saídas possíveis para os palestinos, mas ela permanece fechada na maior parte do tempo. O Egito só abre a fronteira em casos excepcionais, como para permitir a passagem de doentes, estudantes ou peregrinos.


    O muro entre o Egito e a Faixa de Gaza é um símbolo da divisão e do sofrimento do povo palestino, que vive em um estado de guerra permanente e sem perspectivas de paz. A solução para esse conflito depende de uma negociação política entre as partes envolvidas, que respeite os direitos humanos e as aspirações nacionais dos palestinos.

 Veja o Vídeo: