Em Hiroshima, 6 de Agosto de 1945, o mundo descobriu o poder destrutivo do átomo. Nas palavras do Presidente Truman aquela era “A maior e mais poderosa bomba já fabricada em toda a história da humanidade”. O presidente utilizou essa frase para descrever o resultado do ataque que ele ordenou contra as cidades japonesa de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945 e Nagasaki, três dias depois, durante a ofensiva de arrasamento total do Japão no final da Segunda Guerra Mundial. Até hoje Hiroshima e Nagasaki são recordadas como um dos grandes horrores que marcaram o conflito.
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Em 6 de Agosto de 1945 o mundo descobriu o poder destrutivo do átomo |
Desde então, a posse de arsenais nucleares transformou a geopolítica mundial, tornando a destruição em larga escala uma possibilidade real. Desde o primeiro ataque nuclear da história, realizado pelos Estados Unidos contra o Japão em 1945, as potências mundiais têm buscado maneiras de manter um equilíbrio que evite a catástrofe global. Embora não exista um tratado formal que proíba completamente o uso dessas armas, um "acordo de cavalheiros" entre as potências nucleares tem impedido sua utilização desde o final da Segunda Guerra Mundial. Esse pacto não escrito, aliado ao boicote a programas nucleares de países emergentes, configura o que pode ser chamado de um "acordo secreto" entre as nações que possuem armamento nuclear.
O Primeiro Ataque Nuclear e Suas Repercussões Políticas
Em 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, resultando na morte de centenas de milhares de pessoas. O impacto dessas explosões foi devastador, levando à rendição do Japão e ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Além do aspecto militar, o ataque nuclear teve repercussões políticas profundas. Os Estados Unidos se consolidaram como a primeira superpotência nuclear, despertando preocupação entre seus aliados e adversários. A União Soviética, que já havia se tornado um dos principais rivais dos EUA, intensificou seus esforços para desenvolver sua própria bomba atômica.
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Ataque nuclear americano foi precursora da corrida armamentista na Guerra Fria |
O Papel da Espionagem Soviética na Corrida Nuclear
Os EUA mantinham seu projeto nuclear, o Projeto Manhattan, em sigilo absoluto, mas a União Soviética conseguiu obter informações valiosas através de sua rede de espionagem. Espiões como Klaus Fuchs, cientista que trabalhava no projeto americano, repassaram dados cruciais que permitiram à União Soviética desenvolver sua própria artefato nuclear em 1949, apenas quatro anos após o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki.
Esse evento marcou o início da corrida armamentista nuclear durante a Guerra Fria, com as duas superpotências acumulando arsenais atômicos capazes de destruir o planeta diversas vezes.
As Potências Nucleares e o Conselho de Segurança da ONU
Atualmente, há nove países conhecidos por possuírem armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.
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A China é um dos cinco são membros permanentes do Conselho de Segurança |
Desses, cinco são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido. Esses países foram os primeiros a desenvolver armas nucleares e, até hoje, utilizam sua posição na ONU para influenciar as políticas de não proliferação.
Os Programas Nucleares da Índia e do Paquistão
Diferente das potências ocidentais, a Índia e o Paquistão desenvolveram seus arsenais nucleares fora dos acordos internacionais.
A Índia realizou seu primeiro teste nuclear em 1974, em um projeto chamado "Smiling Buddha". O governo indiano justificou seu programa nuclear como um meio de defesa contra a China, que já possuía armas atômicas.
O Paquistão, rival histórico da Índia, desenvolveu seu próprio arsenal nuclear na década de 1990, culminando em testes realizados em 1998. O Paquistão argumentou que suas armas eram necessárias para manter um equilíbrio de forças na região, especialmente devido às tensões com a Índia.
Esses dois países não fazem parte do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e, mesmo assim, não enfrentaram intervenções militares para desmantelar seus arsenais, o que demonstra a existência de uma tolerância implícita dentro do "acordo secreto" entre potências nucleares.
O “Acordo de Cavalheiros” para Não Usar Armas Nucleares
Embora não haja um tratado formal proibindo completamente o uso de armas nucleares, as potências que possuem esse tipo de armamento parecem seguir um "acordo de cavalheiros" segundo o qual essas armas somente tem sua utilização validada em caso de um ataque nuclear prévio. Esse entendimento é conhecido como "destruição mútua assegurada" (MAD - Mutually Assured Destruction), onde qualquer uso de armas nucleares resultaria em uma resposta devastadora, garantindo a aniquilação de ambos os lados.
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As potências nucleares seguem um "acordo de cavalheiros nuclear" |
Esse pacto não escrito tem sido respeitado ao longo das décadas, apesar das diversas crises que colocaram o mundo à beira de um conflito nuclear, como a Crise dos Mísseis de 1962.
O Boicote aos Programas Nucleares de Outras Nações
Outro aspecto desse "acordo secreto" é o boicote a nações que tentam desenvolver armas nucleares sem a anuência das potências já estabelecidas.
O Irã, por exemplo, tem sido alvo de sanções e ameaças de intervenção militar devido ao seu programa nuclear. A Coreia do Norte conseguiu desenvolver armas nucleares, mas enfrenta um forte isolamento internacional.
Dessa forma, as potências nucleares mantêm um controle rígido sobre quem pode ou não se tornar parte do "clube nuclear", garantindo sua supremacia militar e evitando mudanças drásticas no equilíbrio de poder global.
O Programa Nuclear Brasileiro e Seu Encerramento
O Brasil iniciou um programa nuclear nas décadas de 1970 e 1980, durante o regime militar. Havia suspeitas de que o país buscava desenvolver armas nucleares secretamente, especialmente após a construção de instalações de enriquecimento de urânio.
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Brasil iniciou um programa nuclear nas décadas de 1970 e 1980 |
Contudo, com a redemocratização e a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil abandonou qualquer ambição nuclear militar. A nova Constituição proibiu explicitamente o desenvolvimento de armas atômicas, e o país aderiu ao Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Desde então, o Brasil tem investido em tecnologia nuclear para fins pacíficos, como a geração de energia e o desenvolvimento do submarino nuclear da Marinha. Porém, a possibilidade de o país desenvolver armas nucleares foi definitivamente enterrada.
O Controle dos Arsenais
O "acordo secreto das potências nucleares" é um conjunto de regras não escritas que regula o uso e a posse de armas atômicas no mundo. Enquanto as potências estabelecidas se permitem manter seus arsenais, elas impedem agressivamente que novos países entrem nesse seleto grupo. Criando um cenário controverso, se por um lado temos um mundo provavelmente mais pacifico, por outro temos o congelamento do status de poder concentrado em poucas nações que não abrem mão dessa capacidade destrutiva.
Além disso, a política de destruição mútua assegurada garante que, apesar das tensões internacionais, armas nucleares sejam vistas mais como instrumentos de dissuasão do que de ataque direto. Esse equilíbrio frágil tem evitado conflitos nucleares diretos, mas mantém o mundo em uma constante ameaça latente.