sábado, 2 de dezembro de 2023

A CIJ na disputa entre Venezuela e Guiana

    A disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana é um conflito de longa data que remonta ao período colonial, quando as potências europeias estabeleceram suas colônias na América do Sul. A área em disputa é a região do Essequibo, que corresponde a cerca de 75% do território da Guiana, rica em recursos naturais como minério e petróleo, que tem sido objeto de reivindicações territoriais por ambas as nações.

A Reivindicação Venezuelana corresponde a 75% do território da Guiana

 

História da Disputa

    A região do Essequibo foi inicialmente explorada pela Espanha e pela Holanda antes de se tornar parte da colônia britânica da Guiana. Em 1899, um laudo arbitral em Paris estabeleceu as fronteiras atuais, concedendo o controle da região à Guiana Britânica. No entanto, após a independência da Guiana em 1966, a Venezuela rejeitou o laudo arbitral, alegando que era inválido devido a alegações de imprecisões e parcialidade dos árbitros.

O Acordo de Genebra e a Disputa Contemporânea

    Em 1966, foi assinado o Acordo de Genebra entre a Venezuela, o Reino Unido e a Guiana, que anulou o laudo arbitral de 1899 e estabeleceu as bases para uma solução negociada para a disputa. Desde então, a Venezuela tem reivindicado a região do Essequibo como parte de seu território, apesar de estar sob administração da Guiana. 

Território correspondente a Guayana Esequiba

 

O Plebiscito Venezuelano

    Recentemente, a disputa ganhou um novo capítulo com a Venezuela convocando um plebiscito para decidir sobre a anexação da região do Essequibo. O governo venezuelano propôs a criação de uma nova província chamada "Guayana Esequiba" e a concessão de nacionalidade aos habitantes da região. O plebiscito está marcado para 3 de dezembro e tem sido visto como uma tentativa de fortalecer as reivindicações venezuelanas sobre o território. 

Implicações Geopolíticas e Econômicas

    A região do Essequibo é estrategicamente importante devido à sua riqueza em recursos naturais, incluindo petróleo e ouro. A descoberta de campos de petróleo pela companhia americana ExxonMobil em 2015 intensificou a disputa, quando a Venezuela viu uma oportunidade de reivindicar os recursos naturais da região. 

Em 2022 a economia da Guiana cresceu 48% graças a exploração do Petróleo

 

Reações Internacionais e Regionais

    A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos e o Brasil, tem acompanhado de perto a situação. O Brasil, em particular, tem uma grande preocupação com o tema, sendo um país vizinho e parceiro tanto da Venezuela quanto da Guiana. A possibilidade de um conflito armado entre as duas nações é uma preocupação para a região, e há apelos para que a disputa seja resolvida pacificamente através de canais diplomáticos.

Monte Roraima — zona da tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana

 

A Disputa na Corte Internacional de Justiça

    A disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana pelo território do Essequibo se intensificou recentemente devido à descoberta de campos de petróleo na região. A Guiana defende que é a proprietária do território com base em um laudo de 1899, enquanto a Venezuela alega que o território lhe pertence conforme um acordo de 1966 com o Reino Unido.

    A Corte Internacional de Justiça (CIJ), que é a principal instância legal da ONU, é complexa. A Venezuela reiterou na CIJ que não reconhece a jurisdição do tribunal na questão e afirmou que nada poderia impedir o país de organizar um referendo sobre a região disputada. Por outro lado, a Guiana deseja que a disputa seja resolvida na CIJ, buscando uma solução legal e pacífica para o conflito como estabelecido no acordo de 1966.

    O Governo Venezuelano insiste para que a CIJ rejeite a reivindicação territorial apresentada pela Guiana, mantendo-se firme em sua posição de que o Essequibo lhe pertence e que a disputa deve ser resolvida por meio de negociações diretas com a Guiana, em vez de intervenção legal. A situação é complicada e envolve aspectos políticos internos venezuelanos, onde a disputa territorial entrou no debate político antes das eleições presidenciais de 2024. Mas não se pode negar que é possível que também haja interesse externos de potências alinhadas a Caracas.

    A disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana é um exemplo complexo das tensões que podem surgir devido a heranças coloniais e à disputa por recursos naturais.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

A Argentina tem um Novo Presidente

    A vitória de Javier Milei nas eleições presidenciais da Argentina foi um resultado surpreendente e histórico, que refletiu o descontentamento da população com a política tradicional e a crise econômica e social que o país enfrenta há anos. Milei, um economista libertário, derrotou no segundo turno o ministro da Economia, Sergio Massa, que contava com o apoio do atual presidente, Alberto Fernández, e da vice-presidente, Cristina Kirchner. Milei obteve 55,95% dos votos válidos, contra 44,04% de Massa.

Milei obteve 55,95% dos votos válidos, contra 44,04% de Massa


    Milei se apresentou como um candidato anti-establishment, que prometeu mudanças radicais na Argentina, como a dolarização da economia, a eliminação do Banco Central, a redução drástica do tamanho do Estado, a privatização de empresas estatais, a flexibilização das restrições para venda de órgãos e para compra e porte de armas, e o rompimento com o Mercosul. Milei também se posicionou contra a condenação por corrupção de Cristina Kirchner, a quem chamou de "ladra" e "assassina". Milei conquistou o apoio de milhões de argentinos, especialmente dos jovens, que se identificaram com seu discurso de liberdade individual, de defesa do mercado e de crítica à "casta política".

Milei conquistou o apoio de milhões de argentinos que se identificaram com
sua crítica à "casta política"


    No entanto, a vitória de Milei também gerou preocupação e resistência de diversos setores da sociedade argentina, que temem as consequências de suas propostas para a democracia, os direitos humanos, a soberania nacional, a integração regional, a distribuição de renda e o desenvolvimento sustentável. Milei enfrentará uma forte oposição no Congresso, onde não terá maioria, e nos movimentos sociais, que prometem se mobilizar contra suas medidas. Milei também terá que lidar com os desafios de uma economia em recessão, com uma inflação anual de 140% e com 40% da população abaixo da linha de pobreza.

    As expectativas para o governo de Milei são incertas e variadas. Alguns analistas acreditam que Milei poderá implementar parte de seu programa, aproveitando o desgaste do peronismo e a demanda por mudança. Outros, porém, duvidam da viabilidade e da eficácia de suas propostas, e preveem um cenário de instabilidade e conflito. Milei também terá que definir sua relação com os demais países da região e do mundo, especialmente com o Brasil, seu principal parceiro comercial, e com a China, seu maior credor. Milei já declarou que admira o presidente Jair Bolsonaro, mas também que pretende renegociar a dívida externa argentina.

    Milei assumirá a presidência da Argentina em 10 de dezembro de 2023, com a missão de cumprir suas promessas de campanha e de enfrentar os problemas que afligem o país. Sua vitória representa uma ruptura com o passado e um desafio para o futuro, que poderá ter impactos não só para a Argentina, mas para toda a América Latina.


terça-feira, 7 de novembro de 2023

Israel pode ocupar Gaza por tempo indeterminado

    O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que, quando a guerra terminar, Israel pode assumir "indefinidamente" a responsabilidade pela segurança na Faixa de Gaza, o que poderia implicar em uma nova ocupação do território. No entanto, é difícil dizer que a Faixa de Gaza seria anexada, já que na percepção de muitos analistas isso traria mais problemas do que soluções.

    Netanyahu disse que já viu o que acontece quando Israel não tem essa responsabilidade, referindo-se ao ataque do Hamas. O Ministro também disse que Israel não tem nenhum desejo de governar as vidas dos palestinos, mas que é preciso haver uma autoridade palestina legítima e um caminho para um Estado palestino.

Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel pode assumir a responsabilidade pela segurança na Faixa de Gaza (fonte: USA)

     A Faixa de Gaza é um território palestino que está sob o controle do grupo islâmico Hamas desde 2007, após uma violenta disputa com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa partes da Cisjordânia. Israel, que considera o Hamas uma organização terrorista, mantém um bloqueio econômico e militar sobre Gaza, restringindo a entrada e saída de pessoas, bens e serviços, buscando enfraquecer o grupo.

Ataque do Hamas desencadeou uma forte resposta militar de Israel


    Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel, infiltrando mais de 3 mil homens armados em solo israelense e matando 1.400 pessoas, a maioria civis. O ataque desencadeou uma resposta militar de Israel, que iniciou uma campanha de bombardeios aéreos e uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, com o objetivo de eliminar o Hamas e restaurar a segurança na fronteira. A guerra já causou milhares de mortes, na Faixa de Gaza, que enfrenta uma grave crise humanitária, com escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível. A ajuda humanitária que chega é insuficiente para atender às necessidades da população.

 A Faixa de Gaza está sob o controle do grupo islâmico Hamas desde 2007


    O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fez uma visita surpresa a Ramallah, na Cisjordânia, onde se reuniu com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que é amplamente deslegitimado pela população palestina. Abbas pediu o fim imediato da guerra e disse que estava pronto para assumir a responsabilidade por Gaza no âmbito de uma solução política abrangente. O líder da autoridade palestina também reivindicou a retomada das negociações de paz com Israel, baseadas nas resoluções da ONU e na solução de dois Estados.

    A possível ocupação israelense da Faixa de Gaza cria um cenário tenso, entretanto era uma realidade que não surpreendeu analistas. Existe uma forte pressão da sociedade para que o governo de Israel crie mecanismos para garantir a segurança e evitar novos ataques do Hamas. A comunidade internacional, especialmente os EUA e os países que compõe o Conselho de Segurança da ONU, tem um papel vital na mediação desse conflito, buscando uma solução pacífica e duradoura, que respeite os direitos humanos e o direito internacional.



quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Entenda porque o Egito não abre a Fronteira com Gaza?

    A fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza é um dos pontos mais sensíveis do conflito entre Israel e os palestinos. Essa fronteira é controlada pelo Egito, que tem um acordo de paz com Israel desde 1979, mas também mantém relações diplomáticas com a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia. A Faixa de Gaza, por sua vez, é dominada pelo grupo islâmico Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Portões de Rafah — Única passagem entre Egito e Faixa de Gaza
 

    A passagem de Rafah, que liga o Egito à Faixa de Gaza, é o único ponto de entrada ou saída do território palestino que não está sob o controle de Israel. Essa passagem é vital para o abastecimento de alimentos, água, medicamentos e combustível para os cerca de dois milhões de habitantes de Gaza, que vivem sob um bloqueio econômico imposto por Israel desde 2007, quando o Hamas assumiu o poder na região.

Fronteiras do Egito, Jordânia e Faixa de Gaza


    No entanto, a passagem de Rafah não está sempre aberta. O Egito fecha e abre a fronteira de acordo com seus interesses políticos e de segurança, que nem sempre coincidem com os dos palestinos. O Egito teme que o Hamas possa apoiar grupos extremistas que atuam no Sinai, uma península egípcia que faz fronteira com Gaza e Israel. Além disso, o Egito busca manter uma boa relação com Israel e os Estados Unidos, que pressionam para que a fronteira seja fechada como forma de isolar e enfraquecer o Hamas.

    O muro entre o Egito e a Faixa de Gaza é uma barreira física construída pelo governo egípcio para impedir a entrada de palestinos no território egípcio. O muro tem cerca de 14 quilômetros de extensão e 10 metros de altura, e é reforçado por câmeras, sensores e soldados armados. O muro foi iniciado em 2009, após o conflito entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e foi concluído em 2010.

    O governo do Egito tem sido relutante em abrir a fronteira para a chegada dos palestinos que possam eventualmente querer fugir da guerra por vários motivos. Um deles é a preocupação com a segurança nacional, pois o Egito teme que o Hamas ou outros grupos radicais possam infiltrar-se no país e realizar ataques terroristas. Outro motivo é a pressão diplomática de Israel e dos Estados Unidos, que consideram o Hamas uma organização terrorista e querem isolar a Faixa de Gaza. Além disso, o Egito tem uma relação tensa com o Hamas, que é uma ramificação da Irmandade Muçulmana, um grupo político islâmico que foi deposto pelo exército egípcio em 2013.

Mohamed Morsi — Presidente deposto ligado a Irmandade Muçulmana



    A situação dos palestinos na Faixa de Gaza é muito difícil, pois eles sofrem com a escassez de alimentos, água, eletricidade, medicamentos e outros recursos básicos. Eles também estão sujeitos a frequentes ataques militares de Israel, que impõe um bloqueio econômico e político ao território desde 2007. A fronteira com o Egito é uma das poucas saídas possíveis para os palestinos, mas ela permanece fechada na maior parte do tempo. O Egito só abre a fronteira em casos excepcionais, como para permitir a passagem de doentes, estudantes ou peregrinos.


    O muro entre o Egito e a Faixa de Gaza é um símbolo da divisão e do sofrimento do povo palestino, que vive em um estado de guerra permanente e sem perspectivas de paz. A solução para esse conflito depende de uma negociação política entre as partes envolvidas, que respeite os direitos humanos e as aspirações nacionais dos palestinos.

 Veja o Vídeo: 



 

terça-feira, 31 de outubro de 2023

506 Anos da Reforma Protestante

    A reforma protestante foi um movimento religioso que ocorreu na Europa no século XVI e que provocou uma ruptura na unidade do cristianismo ocidental. O principal iniciador da reforma foi Martinho Lutero, um monge e teólogo alemão que criticou algumas práticas e doutrinas da Igreja Católica, especialmente a venda de indulgências, que eram perdões concedidos pela Igreja em troca de dinheiro ou obras.

Lutero expressou suas críticas em um documento chamado as 95 teses


    Lutero expressou suas críticas em um documento chamado as 95 teses, que ele pregou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517. Essa data é considerada o marco inicial da reforma protestante e é celebrada pelos luteranos e por outras denominações protestantes como o Dia da Reforma. Lutero não pretendia criar uma nova igreja, mas sim reformar a existente. No entanto, ele foi condenado como herege pelo Papa Leão X e pelo Imperador Carlos V, que tentaram reprimir o movimento reformista sem sucesso.

O Papa Leão X condenou Lutero por heresia


    A reforma protestante se espalhou por vários países da Europa, dando origem a diferentes tradições protestantes, como os calvinistas, os anabatistas, os anglicanos, os presbiterianos, os batistas, os metodistas, os pentecostais, entre outras. Cada uma dessas tradições tinha suas próprias características e interpretações da Bíblia, mas todas compartilhavam alguns princípios comuns, como:

— A Bíblia é a única fonte de autoridade religiosa e deve ser lida e interpretada livremente pelos fiéis.
— A salvação é pela fé somente, não pelas obras ou pela mediação da Igreja ou dos santos.
— O sacerdócio universal dos crentes, que significa que todos os cristãos têm acesso direto a Deus e podem exercer seu ministério.
— A importância da pregação e da educação para difundir o evangelho e formar os cristãos.
— A liberdade religiosa e a separação entre a Igreja e o Estado.


    A reforma teve grandes consequências para a história da Europa e do mundo. Ela provocou conflitos religiosos e políticos entre católicos e protestantes, como as guerras religiosas na França, na Alemanha e nos Países Baixos. Ela também estimulou o desenvolvimento cultural, científico e econômico de alguns países protestantes, como a Inglaterra, a Holanda e a Escócia. Ela influenciou a formação de novas identidades nacionais e regionais na Europa. Mas contribuiu para a expansão do cristianismo pelo mundo através das missões protestantes, gerando novos movimentos religiosos dentro e fora do protestantismo.

Soli Deo gloria é o princípio protestante segundo o qual toda a glória da
Salvação é devida a Deus


    Atualmente, estima-se que há aproximadamente cerca de 593 milhões de protestantes no mundo, o que representa uma parcela significativa dos quase 2,2 bilhões de cristãos. Os países com maior número de protestantes são os Estados Unidos, a Nigéria, a China, o Brasil e o Reino Unido. Os países com maior percentual de protestantes são Tuvalu, Islândia, Finlândia, Nauru e Noruega.Soli Deo gloria é o princípio protestante segundo o qual toda a glória é devida a Deus




domingo, 29 de outubro de 2023

Israel Suspende Emissão de Vistos para Funcionários da ONU

    Israel entrou em conflito com a ONU (Organização das Nações Unidas) após o secretário-geral da entidade, António Guterres, fazer um discurso no Conselho de Segurança sobre a situação na Faixa de Gaza. Guterres denunciou "violações claras" do direito humanitário cometidas por ambos os lados durante os ataques do grupo terrorista Hamas e a resposta militar de Israel em maio de 2023. Ele também afirmou que os ataques do Hamas "não aconteceram em um vácuo" e que o povo palestino estava sofrendo com a ocupação israelense há 56 anos.

Fala de Guterres criticando Israel sem acusar o Hamas irritou a diplomacia
israelense


    A fala de Guterres irritou a diplomacia israelense, que acusou o secretário-geral de se solidarizar com o Hamas e de ignorar as vítimas israelenses dos foguetes lançados pelo grupo extremista. O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata de Guterres e disse que ele estava "completamente desligado da realidade" e que não fazia sentido conversar com quem "demonstra compaixão pelas mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu". O ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, cancelou uma reunião que teria com Guterres e afirmou que "não há espaço para uma abordagem equilibrada" e que "o Hamas deve ser apagado do mundo".

Israel decidiu suspender a emissão de vistos para funcionários da ONU


    Como forma de retaliação, Israel decidiu suspender a emissão de vistos para funcionários da ONU que atuam no país, dificultando o trabalho humanitário e diplomático da organização. Um dos afetados foi o subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, que teve seu visto negado por Israel. A medida foi criticada por vários países e organizações que defendem os direitos humanos e a solução pacífica do conflito entre israelenses e palestinos.

    Guterres, por sua vez, tentou esclarecer suas declarações e disse que houve "distorções" na interpretação das suas palavras. Ele reiterou que condenava os ataques do Hamas e que defendia o direito de Israel à autodefesa, mas que também reconhecia o sofrimento do povo palestino sob a ocupação israelense². Ele pediu o fim da violência e o retorno às negociações para uma solução de dois Estados, baseada nas resoluções da ONU e no direito internacional.

    O impasse entre Israel e a ONU reflete a complexidade e a gravidade do conflito no Oriente Médio, que envolve questões históricas, religiosas, políticas e territoriais. A falta de diálogo e de confiança entre as partes dificulta a busca por uma paz duradoura e justa na região.


 Começo da Crise

    Os ataques do Hamas ao território israelense em outubro de 2023 foram uma das maiores escaladas de violência na região nos últimos anos. O grupo extremista islâmico armado, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, lançou uma ofensiva surpresa contra Israel, disparando mais de 7.000 mísseis em direção a várias cidades e alvos militares. O ataque, que o Hamas chamou de Dilúvio de Al-Aqsa, matou mais de 1.400 civis e soldados israelenses e capturou mais de 200 reféns.

Gaza é controlada pelo Hamas desde 2007


    Israel reagiu com uma campanha militar intensa, bombardeando a Faixa de Gaza com o objetivo declarado de destruir completamente o Hamas e resgatar os reféns. Além disso, Israel impôs um bloqueio total ao território, impedindo a entrada de ajuda humanitária e provocando uma grave crise humanitária.

    O conflito gerou uma forte repercussão internacional, com vários países e organizações condenando a violência e pedindo um cessar-fogo imediato. A ONU, a União Europeia, os Estados Unidos, a Rússia, a China e outros atores diplomáticos tentaram mediar uma solução pacífica, mas sem sucesso. O Hamas recusou qualquer negociação com Israel, exigindo o fim do bloqueio e o reconhecimento dos direitos dos palestinos. Israel, por sua vez, exigiu a libertação dos reféns e o desarmamento total do Hamas.

Israel reagiu ao ataque terrorista do Hamas com uma campanha militar intensa


    O contexto do conflito é complexo e envolve questões históricas, políticas, religiosas e territoriais. A região é palco de disputas entre israelenses e palestinos há décadas, desde a criação do Estado de Israel em 1948. O Hamas é um dos principais representantes da resistência palestina contra a ocupação israelense, mas também é considerado uma organização terrorista por muitos países. O grupo se opõe à existência de Israel e defende a criação de um Estado islâmico na Palestina.



 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

O que se sabe sobre a explosão no Hospital Al Ahli

    A situação do hospital da Faixa de Gaza é uma das mais dramáticas consequências do conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla o território palestino desde 2007. O hospital árabe Al Ahli, um dos maiores e mais antigos da região, foi alvo de um suposto ataque aéreo israelense no dia 17 de outubro de 2023, que deixou centenas de mortos e feridos, além de causar grandes danos à infraestrutura e aos equipamentos médicos. Entretanto, pouco tempo após o incidente, o governo israelense foi incisivo em negar o ataque, apresentando videos que comprovariam que a explosão teria sido causada por uma falha de um míssil lançado pela Jihad Islamica. 

     Segundo o Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo Hamas), cerca de 500 pessoas morreram na explosão, que ocorreu por volta das 14h (horário local). Entre as vítimas, haviam pacientes, médicos, enfermeiros e funcionários do hospital, além de pessoas que buscavam refúgio no local. Muitos corpos ficaram irreconhecíveis ou mutilados pelos estilhaços. Outras centenas de pessoas ficaram feridas, algumas em estado grave, e foram levadas às pressas para outros hospitais da região.

Hospital Al Ahli
 

    Em um primeiro momento, o mundo foi tomado por uma histeria coletiva similar a do incidente de um "suposto ataque russo a Polônia", em 15 de novembro de 2022. Na época com diversas meios de comunicação foram rápidos em acusar o governo russo pelo ataque (o que na prática levaria o mundo a um conflito sem precedentes). Posteriormente o caso foi anunciado como "um acidente causado por um míssil ucraniano" pela própria OTAN e o caso foi encerrado. Algo similar aconteceu nesse evento, com diversos meios de comunicação da Eruopa até a Asia sendo quase unânimes em anunciar a morte de 500 civis e ao ataque aéreo israelense. Entretanto na manhã seguinte, as imagens deixaram claro que os danos a estrutura do hospital não haviam sido tão significativos quanto se pensava anteriormente. Além disso as imagens do local da explosão apresentaram um cenário similar aos deixados pelos ataques com misseis realizados pelo Hamas em território Israelense. 

    Outra controvérsia esta diretamente ligada ao número de vítimas. Conforme uma reportagem do jornal Metropoles, um relatório da inteligência dos Estados Unidos estima entre 100 e 300 mortos na explosão do Hospital al-Ahli Arab, na Faixa de Gaza, na terça-feira (17/10), enquanto um serviço de informação da Europa, que pediu anonimato, falou a agências de notícias ter contabilizado “provavelmente entre 10 e 50” vítimas fatais pelo ataque. Inicialmente, o Ministério da Saúde de Gaza reportou até 500 mortes causadas pelo bombardeio.


Estragos causados pela explosão

    O ataque ao hospital foi classificado pelas autoridades palestinas como um "crime de guerra" e uma violação das leis humanitárias internacionais, que protegem os estabelecimentos de saúde em zonas de conflito. O Hamas acusou Israel de ter como alvo deliberado o hospital, que atendia centenas de doentes e feridos, e pessoas deslocadas à força de suas casas por causa dos bombardeios israelenses. O grupo islâmico prometeu vingança e disse que intensificaria os ataques com foguetes contra o território israelense. Entretanto isso levanta outro questionamento: o que Israel ganharia atacando um hospital durante a visita do Presidente dos Estados Unidos ao seu território?

Estragos causados pela explosão
 

    Apesar das informações controversas, se os números do  ataque ao hospital apontado pelo Ministério da Saúde de Gaza for confirmado. Esse terá sido o ataque ou acidente mais mortal das cinco guerras travadas entre Israel e o Hamas desde 2008


 

    É importante ressaltar, que mesmo que as causas dessa tragédia e o número de vítimas não sejam tão elevados quanto anunciado inicialmente, a situação em Gaza já pode ser considerada catastrófica. Segundo fontes dentro e fora do território,os hospitais estão sobrecarregados, o número de feridos é extremamente alto e há um fluxo constante em todos os hospitais da Faixa de Gaza. As equipes médicas estão exaustas, trabalhando sem parar para tratar os feridos. Faltam medicamentos, materiais cirúrgicos, sangue e oxigênio. A energia elétrica é escassa e intermitente. A água potável é rara e contaminada. O lixo se acumula nas ruas. As doenças se espalham rapidamente.

Estragos causados pela explosão na área próxima ao Hospital
 

    A comunidade internacional tem feito apelos para um cessar-fogo imediato e incondicional entre as partes envolvidas no conflito. Várias organizações humanitárias têm tentado enviar ajuda emergencial para Gaza, mas enfrentam dificuldades para entrar no território por causa do bloqueio imposto por Israel e Egito. A ONU alertou que a situação em Gaza é insustentável e que pode levar a uma crise humanitária sem precedentes na região.