sábado, 16 de março de 2024

A História do Maior Rei da Babilônia

    Nabucodonosor II, também conhecido como Nabucodonosor, o Grande, foi o segundo e mais famoso rei do Império Neobabilônico. Seu reinado de 43 anos (605 a.C. - 562 a.C.) foi marcado por conquistas militares impressionantes, grandiosos projetos de construção e um papel crucial na história judaica.

 Nabucodonosor foi o mais famoso rei do Império Neobabilônico (DALL·E)

    A carreira militar de Nabucodonosor começou durante o reinado de seu pai, Nabopolassar, embora poucas informações tenham sobrevivido a esse período, com base em uma carta enviada à administração do Templo Eana, parece que Nabucodonosor participou da campanha de seu pai para tomar a cidade de Harã em 610 a.C. A cidade de Harã foi a sede de Assurubalite II, que reuniu o que restou do exército assírio e governou o que restou do Império Neoassírio. A vitória da Babilônia na campanha de Harã e a derrota de Assurubalite, em 609 a.C, marcaram o fim da antiga monarquia assíria, que nunca seria restaurada. De acordo com a Crônica da Babilônia, Nabucodonosor também comandou seu exército em uma região montanhosa não especificada por vários meses em 607 a.C.

    Um dos primeiros atos de Nabucodonosor como rei foi enterrar seu pai. Nebopolassar foi colocado em um grande caixão, adornado com placas de ouro ornamentadas, o falecido rei foi então colocado dentro de um pequeno palácio que ele construiu na Babilônia. Pouco depois, antes do final do mês em que foi coroado, Nabucodonosor voltou à Síria para retomar sua campanha. A Crônica Babilônica registra que "ele marchou vitorioso" (o que significa que ele enfrentou pouca ou nenhuma resistência), retornando à Babilônia após vários meses de campanha. A campanha síria, embora tenha resultado em uma certa quantidade de pilhagem, não foi um sucesso completo porque não garantiu o domínio de Nabucodonosor na região. Ele aparentemente falhou em inspirar medo, visto que nenhum dos estados mais ocidentais da Região do Levante juraram fidelidade a ele ou pagaram tributo.

Nabucodonosor sucedeu Nebopolassar (DALL·E)

    Nabucodonosor envolveu-se numa série de ações militares bem-sucedidas na região de Canaã contra os estados vassalos rebelados, provavelmente com a intenção final de conter a influência egípcia na região. Em 587 a.C., Nabucodonosor destruiu o Reino de Judá , e sua capital, Jerusalém . A destruição de Jerusalém levou ao cativeiro babilônico , com a população da cidade e as pessoas das terras vizinhas sendo deportadas para a Babilônia.

Nabucodonosor envolveu-se numa série de ações militares (DALL·E)


    Judá representou um alvo principal da atenção da Babilônia, visto que estava no epicentro da competição entre a Babilônia e o Egito. Por volta de 601 a.C., o rei de Judá, Joaquim, começou a desafiar abertamente a autoridade babilônica, contando que o Egito apoiaria sua causa. O primeiro ataque de Nabucodonosor, 598–597 a.C.. A ação militar contra Jerusalém está registrado na Bíblia, mas também na Crônica da Babilônia, que a descreve da seguinte maneira:

    "No sétimo ano de Nabucodonosor, no mês de Quislimu, o rei de Acádia reuniu suas tropas, marchou para o Levante e estabeleceu quartéis de frente para a cidade de Judá. No mês de Adaru, no segundo dia, ele tomou a cidade e capturou o rei. Lá ele instalou um rei de sua escolha. Ele coletou seu tributo massivo e voltou para a Babilônia."

A Destruição de Jerusalém e o Exílio Judaico:

    Como explicado antes, um dos eventos mais marcantes e dramáticos do reinado de Nabucodonosor foi a conquista de Jerusalém em 586 a.C. e a subsequente destruição do Templo de Salomão. O rei babilônico deportou milhares de judeus para a Babilônia, dando início ao período conhecido como Exílio Babilônico. Esse evento teve um impacto profundo e duradouro na história e na identidade do povo judeu.

Nabucodonosor deportou milhares de judeus para a Babilônia, iniciando Exílio Babilônico (DALL·E)

    Um dos personagens mais marcantes da relação do povo judeu com Nabucodonosor, foi o Profeta Daniel. Daniel era um dos judeus que foram levados cativos para a Babilônia por Nabucodonosor, mas se destacou por sua sabedoria e fé. Segundo a tradição, Daniel possuía o dom de interpretar sonhos e visões, o que impressionou o rei babilônico, que o considerou dez vezes mais sábio que todos os magos e astrólogos de seu reino. 

    Em um episódio, Nabucodonosor tem um sonho, Daniel então revelou que se tratava dos futuros reinados que se levantariam sobre a terra, incluindo a vinda de um reino eterno. Esse sonho mostrou que Deus é o soberano sobre todos os reinos e que ele estabelece e remove os governantes conforme a sua vontade. 

    Em outro sonho, Daniel advertiu Nabucodonosor sobre o seu orgulho e a sua arrogância, que o levariam a uma experiência de loucura e humilhação. Daniel aconselhou o rei a se arrepender de seus pecados e a praticar a justiça, mas Nabucodonosor não deu ouvidos. O sonho se cumpriu e o rei foi afastado do trono e do convívio humano, até que reconheceu que o Deus de Daniel é o único digno de honra e glória. 

Segundo a tradição, Daniel possuía o dom de interpretar sonhos e visões (DALL·E)

    Essas histórias são importantes, porque registram um pouco mais sobre a personalidade desse rei. Infelizmente a maior parte dos registros extra-biblicos que temos destacam apenas seu caráter externo e suas conquistas militares, não se debruçando sobre sua personalidade, algo que é destacado do livro de Daniel, que teria tido um convívio mais próximo com o monarca.

Grandes Obras e Legado:

    Nabucodonosor também é conhecido por seus grandiosos projetos de construção na Babilônia. Ele embelezou a cidade com jardins suspensos, templos majestosos e muralhas imponentes. Os Jardins Suspensos da Babilônia, considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, são atribuídos ao seu reinado. Essas obras demonstram o seu poder e a sua glória como governante.

Aspectos Importantes do Reinado de Nabucodonosor:

    Nabucodonosor expandiu o Império Neobabilônico para se tornar a potência dominante no Oriente Médio, derrotando seus inimigos e aliados.

    Na Bíblia, Nabucodonosor é frequentemente mencionado como um poderoso rei e um instrumento da vontade divina. Ele é retratado como o conquistador que destruiu Jerusalém e deportou os judeus para o exílio, cumprindo o juízo de Deus sobre o seu povo. No entanto, a Bíblia também mostra que Nabucodonosor era capaz de reconhecer o poder de Deus e se humilhar diante dele, após passar por uma experiência de loucura e restauração.

    Nabucodonosor faleceu em 562 a.C., deixando um legado de conquistas militares, grandiosas obras e um papel crucial na história do Oriente Médio. Sua figura aparece em importantes fontes históricas, incluindo a Bíblia, onde é retratado como um poderoso conquistador.

Robert Koldeweyarqueólogo e arquiteto alemão

    Um aspecto curioso é que o livro bíblico de Daniel é considerado um dos textos mais importantes do antigo testamento por judeus e cristãos. Suas páginas estão repletas de profecias e histórias que falam sobre o terrível cativeiro do povo de Israel na Babilônia. Entretanto durante muito tempo, muitos acadêmicos e arqueólogos diziam que Babilônia era uma lenda, e que essa cidade nunca tinha existido. No entanto, essa visão cética foi colocada por terra quando, no fim do século XIX, Robert Koldewey, arqueólogo e arquiteto alemão, descobriu as ruínas da antiga capital imperial de Nabucodonosor.

    É interessante dizer que antes de essa descoberta acontecer, Heródoto, famoso historiador grego da antiguidade, já havia relatado e documentado sua visita à cidade em um passado longínquo. Em sua passagem pela metrópole, Heródoto descreveu as dimensões e características da cidade com detalhes. Mesmo com esses textos, muitos historiadores ainda insistiam em negar a existência de Babilônia.

    Felizmente a Babilônia foi redescoberta e a humanidade pode conhecer mais sobre esse Império extinto tão rico e poderoso. 


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sábado, 9 de março de 2024

Dinamarca promete "toda sua artilharia" para Ucrania

    A recente decisão da Dinamarca de doar sua artilharia à Ucrânia é um movimento significativo no contexto da segurança europeia e global. A primeira-ministra Mette Frederiksen anunciou na Conferência de Segurança de Munique que a Dinamarca enviará “toda a sua artilharia” para a Ucrânia, um gesto que sublinha a solidariedade europeia e a resposta coletiva à agressão russa.

A doação dinamarquesa foi anunciada em uma grande conferencia de segurança


    Este ato de apoio militar não é apenas um sinal de solidariedade, mas também um chamado para outros países europeus para aumentarem suas contribuições de defesa. Frederiksen instou outras nações a doarem seus estoques de munições, enfatizando que a Rússia continua a ser uma ameaça não só para a Ucrânia, mas para toda a Europa. A liderança dinamarquesa reconhece que a Rússia está desestabilizando o mundo ocidental de várias maneiras, incluindo desinformação, ataques cibernéticos e guerra híbrida.

    A doação da Dinamarca vem em um momento crítico, quando a Ucrânia enfrenta uma situação precária na guerra, com a Rússia obtendo mais conquistas na frente de batalha. A cidade de Avdiivka, por exemplo, foi tomada após quatro meses de combate intenso, e as forças ucranianas estão motivadas pela falta de munições. A urgência da situação é ressaltada pelo conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak, que alertou que a Rússia poderia se tornar uma ameaça global e que uma vitória russa na Ucrânia colocaria a Europa em risco fatal.

Nos últimos meses a Rússia veem obtendo mais conquistas na frente de batalha


    A generosidade da Dinamarca também destaca a necessidade de acelerar e escalar o apoio militar à Ucrânia. Frederiksen enfatizou que o sentido de urgência não é suficientemente claro nas discussões entre os países europeus e que é necessário agir rapidamente. A União Europeia (UE) respondeu com a destinação de um novo fundo de 50 bilhões de euros para a Ucrânia, após a Hungria ter deixado cair o veto ao novo pacote de ajuda.

    A decisão da Dinamarca de doar sua artilharia reflete um compromisso mais amplo com a ajuda militar à Ucrânia. Desde novembro, os compromissos de ajuda militar da Dinamarca aumentaram em 3,5 bilhões de euros, tornando o país nórdico uma das maiores ajudas militares em percentagem do PIB, de acordo com o Instituto Kiel para a Economia Mundial. A Dinamarca prometeu um total de 8,4 bilhões de euros em ajuda militar, um número que destaca a seriedade com que o país está abordando a situação na Ucrânia.

    Enquanto isso, a República Checa também se comprometeu a enviar granadas, consideradas o bem mais precioso, para apoiar o exército ucraniano. O presidente checo Petr Pavel garantiu que até 800 mil granadas poderiam ser fornecidas rapidamente se o financiamento fosse arranjado. Esses anúncios surgem em um momento em que a Ucrânia enfrenta grandes lacunas de artilharia e munições, especialmente as pós-soviéticas.

    O novo comandante das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Syrsky, visitou recentemente a frente oriental da guerra e descreveu a situação como “extremamente complexa e tensa”. A situação no terreno é um lembrete constante da necessidade de apoio contínuo e reforçado à Ucrânia.

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sábado, 2 de março de 2024

Da Pérsia ao Irã: Uma Jornada Histórica e Cultural

    A mudança do nome “Pérsia” para “Irã” é uma história que transcende o tempo, entrelaçando passado e presente, identidade e política do país. 

O nome "Irã" possui uma profunda conexão com o povo iraniano


    Para compreender essa transformação, é necessário mergulhar na rica história do Irã e explorar os diversos fatores que influenciaram essa decisão. Ao longo da história, o nome "Irã" foi utilizado de forma intermitente, principalmente em contextos literários e poéticos. No entanto, o termo "Pérsia" se consolidou como a denominação oficial do país no cenário internacional, principalmente devido à influência ocidental.

Origens e Legado:

    O termo “Pérsia” tem suas raízes na antiga região de Persis, localizada no sul do atual Irã. Foi lá que o grandioso Império Persa Aquemênida floresceu a partir do século VI a.C. Esse império expandiu seus domínios por vastas regiões do Oriente Médio, Ásia Central e partes da Europa, deixando um legado cultural duradouro. A palavra “Pérsia” evoca imagens de esplendor, realeza e antiguidade.

Túmulo de Ciro é o local de sepultamento de Ciro II, O Grande


    No entanto, é importante notar que “Pérsia” nunca foi o nome utilizado pelos próprios habitantes do país. O termo nativo para designar a região era “Irã”, derivado do proto-iraniano “Ariana”, que significa “terra dos arianos”. Essa denominação remonta aos ancestrais dos iranianos modernos, os povos indo-europeus que se estabeleceram na região há milhares de anos. “Irã” carrega consigo uma conexão profunda com a história e a identidade do povo iraniano.

A Flutuação dos Nomes

    Ao longo da história, o nome “Irã” foi utilizado de forma intermitente, principalmente em contextos literários e poéticos. No entanto, o termo “Pérsia” se consolidou como a denominação oficial do país no cenário internacional, especialmente devido à influência ocidental. A imagem romântica da Pérsia antiga, com suas artes, arquitetura e literatura, cativou o mundo, e o nome se tornou sinônimo dessa rica herança.

A Decisão de Reza Khan

    Reza Khan Pahlavi foi um oficial militar iraniano e fundador da Dinastia Pahlavi . Como político, ele serviu anteriormente como ministro da guerra e primeiro-ministro de Qajar e posteriormente reinou como Xá do Irã de 1925 até ser forçado a abdicar após a invasão anglo-soviética do Irã em 1941Reza Khan foi sucedido por seu filho mais velho, Mohammad Reza Xá . Modernizador, Reza Khan entrou em confronto com o clero xiita , mas também introduziu muitas reformas sociais, económicas e políticas durante o seu reinado, estabelecendo em última análise as bases do moderno estado iraniano. Sendo considerado por muitos como o fundador do Irã moderno.

    Em 1935, Reza Khan, o Xá do Irã na época, tomou uma decisão histórica: oficialmente mudar o nome do país de Pérsia para Irã. Essa mudança foi motivada por diversos fatores:

Reza Khan — Xá do Irã

    Nacionalismo: O início do século XX foi marcado por um crescente sentimento nacionalista no Irã. Os iranianos ansiavam se distanciar da influência colonial e imperialista, buscando afirmar sua identidade autêntica. O nome “Irã” foi considerado mais genuíno e representativo da história e cultura do país.

    Autodeterminação: A mudança para “Irã” simbolizava a autodeterminação do povo iraniano. Era uma afirmação de independência e uma rejeição das imposições externas.

    Modernização: Reza Pahlavi via a mudança como parte de um processo mais amplo de modernização e reforma no Irã. Ele queria que o país fosse percebido como contemporâneo e progressista.

Reflexos Atuais:

    Hoje, o nome “Irã” é amplamente aceito e reconhecido internacionalmente. Ele transcende as fronteiras geográficas e nos lembra da rica história e cultura que moldaram essa nação. A jornada de Pérsia para Irã é um testemunho da complexidade da identidade nacional e das escolhas que moldam o destino dos países no Pós-Segunda Guerra. A mudança do nome Pérsia para Irã foi um marco histórico que refletiu o desejo do país de se afirmar como uma nação independente com uma identidade cultural própria. Essa mudança teve um impacto significativo na identidade iraniana, além de gerar um debate sobre a importância da autodeterminação dos povos na nomenclatura oficial dos países. 

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