quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Como Começou a Corrida Nuclear Mundial

    Os maiores arsenais nucleares do mundo pertencem aos Estados Unidos e à Rússia, que juntos possuem cerca de 90% das ogivas nucleares existentes. Esses dois países iniciaram uma corrida armamentista nuclear durante a Guerra Fria, um período de tensão política e ideológica que durou de 1947 a 1991. A corrida nuclear foi motivada pela busca de superioridade militar e estratégica, bem como pela dissuasão de um possível ataque do adversário.

A corrida nuclear foi motivada pela busca de superioridade militar e estratégica


    A história da corrida nuclear começou em 1945, quando os Estados Unidos lançaram as primeiras bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, encerrando a Segunda Guerra Mundial. Esses ataques demonstraram o poder devastador das armas nucleares e provocaram uma reação da União Soviética, que desenvolveu sua própria bomba atômica em 1949. A partir daí, os dois países passaram a competir pelo desenvolvimento de novas tecnologias nucleares, como bombas de hidrogênio, mísseis balísticos intercontinentais, submarinos nucleares e sistemas de defesa antimísseis.

    A corrida nuclear atingiu seu ápice na década de 1960, quando ocorreram vários testes nucleares e crises internacionais, como a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962. Nesse contexto, os Estados Unidos e a União Soviética perceberam o risco de uma guerra nuclear que poderia destruir o planeta e iniciaram negociações para limitar e reduzir seus arsenais nucleares. Alguns dos principais tratados assinados foram o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) em 1968, o Tratado sobre Mísseis Antibalísticos (ABM) em 1972, os Acordos sobre Limitação de Armas Estratégicas (SALT I e II) em 1972 e 1979, o Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) em 1987 e o Tratado sobre Redução de Armas Estratégicas (START I e II) em 1991 e 1993.

Vista aérea mostrando base de lançamento de mísseis em Cuba


    A corrida nuclear terminou com o fim da Guerra Fria e o colapso da União Soviética em 1991. Desde então, os Estados Unidos e a Rússia continuaram a reduzir seus arsenais nucleares por meio de novos tratados, como o Tratado de Redução de Armas Estratégicas Ofensivas (SORT) em 2002 e o Novo Tratado START em 2010. No entanto, esses países ainda possuem milhares de ogivas nucleares que representam uma ameaça à segurança global. Além disso, outros países adquiriram ou desenvolveram armas nucleares ao longo das décadas, como Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.

 

Teste nuclear do Atol de Biquíni em 1946

    A influência internacional das armas nucleares é complexa e controversa. Por um lado, alguns argumentam que as armas nucleares contribuem para a estabilidade internacional, pois criam um equilíbrio de poder entre as grandes potências e impedem conflitos diretos entre elas. Por outro lado, outros afirmam que as armas nucleares aumentam a instabilidade internacional, pois geram riscos de acidentes, erros de cálculo, escalada ou proliferação nuclear. Além disso, as armas nucleares têm graves consequências humanitárias e ambientais em caso de uso ou teste.

    Diante desses desafios, muitos países e organizações defendem o desarmamento nuclear como uma meta para a paz e a segurança mundial. Em 2017, foi adotado na ONU o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPAN), que proíbe todas as atividades relacionadas às armas nucleares e exige sua eliminação completa. O tratado entrou em vigor em janeiro de 2021 com a ratificação de 51 Estados. No entanto, nenhum dos países que possuem armas nucleares participou ou apoiou o tratado. Portanto, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar um mundo livre de armas nucleares.

 Veja quais os maiores arsenais nucleares do mundo:



 

terça-feira, 26 de setembro de 2023

China e União Europeia Disputam Mercado dos Carros Elétricos

    Os carros elétricos são veículos que utilizam a eletricidade como fonte de energia para se locomover. Eles são considerados uma alternativa mais sustentável e ecológica aos carros movidos a combustíveis fósseis, como gasolina ou diesel, que emitem gases poluentes e contribuem para o aquecimento global.

Os carros elétricos representam uma tendência mundial

    A disputa entre a China e a União Europeia (UE) sobre os carros elétricos é um conflito comercial que envolve acusações de concorrência desleal e distorção do mercado. A União Europeia, que tem como objetivo se tornar líder mundial na produção e no consumo de veículos de baixa emissão, está preocupada com o avanço das montadoras chinesas. Estas oferecem carros elétricos mais baratos, beneficiando-se de subsídios estatais robustos. Esses subsídios, segundo a UE, reduzem artificialmente o preço dos carros elétricos chineses e prejudicam as empresas europeias, que não recebem o mesmo nível de apoio de seus governos.

    Os carros elétricos representam uma tendência mundial e um desafio para o futuro da mobilidade urbana. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o número de carros elétricos no mundo deve aumentar de 10 milhões em 2020 para 145 milhões em 2030.

    Para defender os interesses da indústria automotiva europeia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou em setembro de 2023 que iria lançar uma investigação anti-subsídios sobre os veículos elétricos provenientes da China. Essa investigação visa verificar se os subsídios chineses causam prejuízo à indústria europeia e se violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Caso se comprove a existência de práticas comerciais desleais, a UE poderá impor medidas de defesa comercial, como tarifas ou cotas de importação, aos carros elétricos chineses.

A China reagiu acusando a UE de protecionismo


    A China, por sua vez, reagiu negativamente à iniciativa da UE e acusou o bloco europeu de protecionismo. O Ministério do Comércio Chinês afirmou que a investigação proposta pela UE teria um impacto negativo nas relações econômicas e comerciais entre China e UE. A China também defendeu que seus subsídios aos carros elétricos fazem parte da estratégia de desenvolvimento sustentável e de transição energética, e que estão em conformidade com as regras da OMC.

    A disputa entre a China e a União Europeia sobre os carros elétricos reflete as tensões crescentes entre as duas potências econômicas, que têm interesses divergentes em vários setores estratégicos. Ao mesmo tempo, as duas partes também reconhecem a importância de manter o diálogo e a cooperação em áreas de interesse comum, como o combate às mudanças climáticas e a promoção do multilateralismo. Essa situação coloca em evidência a complexidade das relações econômicas globais e a necessidade de buscar soluções equilibradas para questões comerciais sensíveis como essa.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Conheça o Crown Estate - A Corporação que a Administra as "Terras da Coroa"

    O Crown Estate é uma entidade singular que administra uma vasta extensão de terras e propriedades no Reino Unido, pertencentes ao monarca britânico como uma corporação única. Diferentemente de uma propriedade governamental ou do patrimônio pessoal do monarca, o Crown Estate é concebido como um "patrimônio público do soberano".

Rei Charles III, atual "Proprietário do Crown State"


     Classificado como um dos maiores administradores de propriedades do Reino Unido, o Crown Estate possui ativos avaliados em 15,6 bilhões de libras esterlinas em 2022. Esses ativos compreendem não apenas propriedades de destaque no coração de Londres, mas também terras agrícolas e florestais, abrangendo mais da metade da costa do país, além de direitos e propriedades tradicionais, como o autódromo Ascot Racecourse e o majestoso Windsor Great Park. Ademais, o Crown Estate é responsável pela administração dos recursos naturais no leito marinho, incluindo energia eólica e atividades de mineração.


    Vale ressaltar que o Crown Estate não é uma fonte de renda pessoal para o monarca, mas sim um ativo público que reverbera em benefício da nação britânica. Os rendimentos gerados pelo Crown Estate são direcionados diretamente ao Tesouro de Sua Majestade, com 25% alocados para o monarca e 75% destinados ao governo. Importante destacar ainda que o monarca não desempenha nenhum papel na gestão ou administração das propriedades, exercendo apenas um controle muito restrito sobre suas atividades.

História do Crown Estate

    A história do Crown Estate é notavelmente intrigante, remontando à época da conquista normanda da Inglaterra em 1066. Naquela época, o Rei Guilherme I (1066-1087) obteve a posse de todas as terras da Inglaterra por direito de conquista, o que lhe permitiu distribui-las com base em princípios feudais. Essas terras, conhecidas como “terras da Coroa” ou “domínio da Coroa”, constituíram os alicerces do patrimônio real, que evoluiria ao longo do tempo para formar o que hoje é o Crown Estate.

    A trajetória desse patrimônio real viu suas dimensões flutuarem ao sabor das necessidades e preferências dos diferentes monarcas. Alguns reis, a exemplo de Ricardo I (1189-1199) e João (1199-1216), optaram por vender ou trocar parcelas significativas das terras da Coroa como forma de financiar suas empreitadas bélicas. Por outro lado, reis como Henrique III (1216-1272) e Eduardo I (1272-1307) empenharam-se em ampliar ou recuperar tais terras, adquirindo novas propriedades, sobretudo em Londres e no País de Gales.

Ricardo Coração de Leão — vendeu parte do patrimônio
para financiar sua participação na Terceira Cruzada


    Entretanto, somente em 1760, o Crown Estate foi formalmente estabelecido como uma entidade distinta do patrimônio privado do monarca. Nesse ano, o Rei Jorge III (1760-1820) determinou que os rendimentos de suas posses hereditárias fossem disponibilizados ao governo, como parte de um acordo que aliviou a obrigação de financiar o governo civil. Conhecido como “Lista Civil”, esse acordo foi consolidado pelo Crown Estate Act de 1760, estipulando que as terras da Coroa seriam administradas por um órgão público independente denominado Crown Estate Commissioners. Essa entidade assumiria a supervisão do vasto portfólio de propriedades e responderia perante o Parlamento do Reino Unido.

Rei Jorge III — oficializou a criação formal do
Crown State


    Dessa forma, desde então, o Crown Estate tem figurado como um dos principais administradores de propriedades no Reino Unido. Suas raízes profundamente enraizadas na história e sua evolução ao longo dos séculos contribuem para sua posição notável no contexto das finanças e gestão de ativos britânicos. Com um lucro estimado de £ 442,6 milhões (US$ 559 milhões) em 2022.

Assista nosso vídeo sobre o tema: 


 


 

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