terça-feira, 19 de setembro de 2023

Conheça o Crown Estate - A Corporação que a Administra as "Terras da Coroa"

    O Crown Estate é uma entidade singular que administra uma vasta extensão de terras e propriedades no Reino Unido, pertencentes ao monarca britânico como uma corporação única. Diferentemente de uma propriedade governamental ou do patrimônio pessoal do monarca, o Crown Estate é concebido como um "patrimônio público do soberano".

Rei Charles III, atual "Proprietário do Crown State"


     Classificado como um dos maiores administradores de propriedades do Reino Unido, o Crown Estate possui ativos avaliados em 15,6 bilhões de libras esterlinas em 2022. Esses ativos compreendem não apenas propriedades de destaque no coração de Londres, mas também terras agrícolas e florestais, abrangendo mais da metade da costa do país, além de direitos e propriedades tradicionais, como o autódromo Ascot Racecourse e o majestoso Windsor Great Park. Ademais, o Crown Estate é responsável pela administração dos recursos naturais no leito marinho, incluindo energia eólica e atividades de mineração.


    Vale ressaltar que o Crown Estate não é uma fonte de renda pessoal para o monarca, mas sim um ativo público que reverbera em benefício da nação britânica. Os rendimentos gerados pelo Crown Estate são direcionados diretamente ao Tesouro de Sua Majestade, com 25% alocados para o monarca e 75% destinados ao governo. Importante destacar ainda que o monarca não desempenha nenhum papel na gestão ou administração das propriedades, exercendo apenas um controle muito restrito sobre suas atividades.

História do Crown Estate

    A história do Crown Estate é notavelmente intrigante, remontando à época da conquista normanda da Inglaterra em 1066. Naquela época, o Rei Guilherme I (1066-1087) obteve a posse de todas as terras da Inglaterra por direito de conquista, o que lhe permitiu distribui-las com base em princípios feudais. Essas terras, conhecidas como “terras da Coroa” ou “domínio da Coroa”, constituíram os alicerces do patrimônio real, que evoluiria ao longo do tempo para formar o que hoje é o Crown Estate.

    A trajetória desse patrimônio real viu suas dimensões flutuarem ao sabor das necessidades e preferências dos diferentes monarcas. Alguns reis, a exemplo de Ricardo I (1189-1199) e João (1199-1216), optaram por vender ou trocar parcelas significativas das terras da Coroa como forma de financiar suas empreitadas bélicas. Por outro lado, reis como Henrique III (1216-1272) e Eduardo I (1272-1307) empenharam-se em ampliar ou recuperar tais terras, adquirindo novas propriedades, sobretudo em Londres e no País de Gales.

Ricardo Coração de Leão — vendeu parte do patrimônio
para financiar sua participação na Terceira Cruzada


    Entretanto, somente em 1760, o Crown Estate foi formalmente estabelecido como uma entidade distinta do patrimônio privado do monarca. Nesse ano, o Rei Jorge III (1760-1820) determinou que os rendimentos de suas posses hereditárias fossem disponibilizados ao governo, como parte de um acordo que aliviou a obrigação de financiar o governo civil. Conhecido como “Lista Civil”, esse acordo foi consolidado pelo Crown Estate Act de 1760, estipulando que as terras da Coroa seriam administradas por um órgão público independente denominado Crown Estate Commissioners. Essa entidade assumiria a supervisão do vasto portfólio de propriedades e responderia perante o Parlamento do Reino Unido.

Rei Jorge III — oficializou a criação formal do
Crown State


    Dessa forma, desde então, o Crown Estate tem figurado como um dos principais administradores de propriedades no Reino Unido. Suas raízes profundamente enraizadas na história e sua evolução ao longo dos séculos contribuem para sua posição notável no contexto das finanças e gestão de ativos britânicos. Com um lucro estimado de £ 442,6 milhões (US$ 559 milhões) em 2022.

Assista nosso vídeo sobre o tema: 


 


 

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