quinta-feira, 2 de maio de 2024

A Mulher que assinou a Independência — história da primeira imperatriz do Brasil

     A história da primeira imperatriz do Brasil, Dona Leopoldina de Habsburgo, é uma parte crucial da construção da identidade nacional brasileira. Sua contribuição para a independência do Brasil e seu papel como governante durante um período tumultuado fazem dela uma figura emblemática na história do país. Leopoldina não apenas participou ativamente do processo de independência, mas também deixou uma marca significativa na política brasileira e na consolidação da monarquia.

Dona Leopoldina de Habsburgo  — Imperatriz do Brasil


Origens e Chegada ao Brasil

    Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo nasceu em 22 de janeiro de 1797, em Viena, Áustria. Ela era filha do imperador Francisco I da Áustria e da princesa Maria Teresa de Bourbon-Toscana. Criada no contexto da aristocracia europeia, Leopoldina recebeu uma educação refinada, que incluía conhecimentos em ciência, música e línguas. Com sua linhagem imperial, ela estava destinada a desempenhar papéis importantes no cenário europeu.

    Leopoldina casou-se com Dom Pedro de Alcântara, o então príncipe regente do Brasil, em 1817. Esse casamento foi parte de uma aliança política entre Portugal e a Áustria. Leopoldina chegou ao Brasil em 1817, quando a corte portuguesa estava no Rio de Janeiro, após a fuga da invasão napoleônica em Portugal. Com sua chegada ao Brasil, Leopoldina trouxe um senso de sofisticação à corte e rapidamente se integrou à sociedade brasileira, desempenhando um papel importante na vida política do país.

O Papel de Leopoldina na Independência do Brasil

    O Brasil passou por um período de mudanças políticas significativas no início do século XIX. Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, o país começou a desenvolver uma identidade própria, distinta de Portugal. A tensão entre o governo português e os interesses brasileiros crescia, e a perspectiva de independência ganhava força.

Leopoldina assinou um decreto declarando que Portugal não tinha mais
autoridade sobre o Brasil


    Leopoldina, como princesa regente, desempenhou um papel crítico nesse contexto. Em 2 de setembro de 1822, Dom Pedro deixou o Rio de Janeiro para uma viagem a São Paulo. Durante sua ausência, uma série de eventos políticos desestabilizou a relação entre Brasil e Portugal, com o governo português tentando retomar o controle direto sobre o Brasil. Leopoldina, ciente da gravidade da situação, agiu rapidamente. Ela presidiu uma reunião do Conselho de Ministros e assinou um decreto declarando que Portugal não tinha mais autoridade sobre o Brasil, aconselhando Dom Pedro a proclamar a independência. Esse ato foi um catalisador para a Proclamação da Independência, que ocorreu em 7 de setembro de 1822, no famoso "Grito do Ipiranga".

Governante e Imperatriz do Brasil

    Após a independência, Leopoldina tornou-se a primeira imperatriz do Brasil quando Dom Pedro foi coroado como Dom Pedro I. Como imperatriz, ela desempenhou um papel significativo no governo, especialmente durante as ausências de Dom Pedro I. Leopoldina era respeitada por seu compromisso com a educação, as artes e as ciências, e seu interesse em assuntos ambientais.

Juramento da Imperatriz Maria Leopoldina
à Constituição do Brasil


Falecimento e Sepultamento

    A ligação de Dom Pedro I com Domitila, o reconhecimento público da filha bastarda de D. Pedro com a amante, a nomeação de Domitila como dama de companhia da imperatriz, e a viagem do casal imperial juntamente com Domitila para a Bahia no início de 1826 foram acontecimentos que deixaram a imperatriz totalmente humilhada, abalando-a moral e psicologicamente no futuro. 

    Em carta à irmã Maria Luísa que morava na Europa, Maria Leopoldina desabafou: “O monstro sedutor é a causa de todas as desgraças”. Solitária, isolada, devotada apenas a parir um herdeiro para o trono – o futuro Dom Pedro II nasceria em 1825 e Leopoldina tornava-se cada vez mais depressiva. Desde o início de novembro de 1826 a imperatriz não se encontrava bem de saúde. Cólicas, vômitos, sangramentos e delírios foram frequentes nas últimas semanas de vida da imperatriz, cuja saúde definhou rapidamente. 

    Nas palavras do Embaixador da Prússia

    “A consternação no meio do povo era indescritível; nunca [...] foi visto igual sentimento uníssono. O povo se encontrava literalmente nos joelhos rogando ao Todo Poderoso pela conservação da imperatriz, as igrejas não se esvaziavam e nas capelas domésticas todos se encontravam de joelhos, os homens formavam procissões, não de habituais que quase costuma provocar risos, mas sim de verdadeira devoção. Em uma palavra, tal inesperada afeição, manifestada sem dissimulação, deve ter sido para a alta enferma uma verdadeira satisfação”.

    Leopoldina faleceu em 11 de dezembro de 1826, aos 29 anos, após complicações decorrentes do parto de seu último filho. Sua morte causou grande comoção no Brasil e na Europa, pois ela era amplamente respeitada por sua inteligência, bondade e dedicação ao Brasil

    A vida de Leopoldina é um testemunho de seu papel importante na história do Brasil. Seu apoio à independência, sua habilidade como governante e sua dedicação ao país fazem dela uma figura icônica que continua a ser lembrada e respeitada até hoje. Seu legado é um lembrete do impacto significativo que uma mulher pode ter na formação de uma nação.

Veja Também: Qual a Origem e Significado da Bandeira do Brasil



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