quarta-feira, 30 de agosto de 2023

A tensa situação da Embaixada Francesa no Níger

    No dia 30 de julho ocorreu um ataque de manifestantes a embaixada da França em Niamey, capital do Níger. Desde então a situação que já era tensa ficou ainda mais complicada, principalmente após os militares que assumiram o controle do país proibirem a exportação de urânio para a França.

    A relação entre França e Níger foram fortemente abaladas, reflexo do golpe de Estado ocorrido no país africano em 26 de julho de 2023. A liderança do golpe ficou nas mãos do general Abdourahamane Tiani, chefe da guarda presidencial, que destituiu o presidente eleito, Mohamed Bazoum, autoproclamando-se como novo líder do Níger. Alegando que o golpe era imperativo para restaurar a ordem e a segurança do país, uma vez que o país enfrenta incessantes ataques de grupos jihadistas (uma crise que afeta um parcela significativa dos países da região), o general assumiu o comando do novo governo.

Manifestantes pró-governo realizaram manifestações no país

    Como a antiga potência colonial do Níger, a França mantém aproximadamente 1.500 soldados no país como parte de uma operação de combate ao terrorismo no Sahel. A posição francesa diante do novo governo e do cenário de instabilidade, foi condenar veementemente o golpe, ordenando o imediato retorno da ordem constitucional, bem como a libertação do presidente Bazoum, atualmente detido junto com sua família. Como demonstração de sua posição firme, a França interrompeu sua colaboração em termos de segurança e assistência financeira ao desenvolvimento do Níger, uma ação também compartilhada pela União Europeia.

    Em resposta a essas medidas, a junta militar que assumiu o controle no Níger ordenou a expulsão do embaixador francês no país, Sylvain Itté, concedendo-lhe um prazo de 48 horas para deixar o território. A junta alegou que o embaixador se recusou a se reunir com as novas lideranças e agiu contrariamente aos interesses do Níger. Tradicionalmente o embaixador de um país expulso é retirado do país, buscando evitar o aumento da tensão diplomática, entretanto o governo francês, alegando que não reconhece o novo governo decidiu que manterá sua delegação diplomática e o embaixador.

    Segundo informações, a embaixada está cercada por forças leias ao novo governo e a agua e a luz das instalações teriam sido cortadas.

    Em meio a essa situação delicada, o presidente francês, Emmanuel Macron, reafirmou que está disposto a apoiar a delegação africana contrária ao golpe. Macron deixou claro que qualquer forma de ataque contra a França e seus interesses não seria tolerada, destacando que responderia prontamente a quaisquer agressões direcionadas a cidadãos, forças armadas, diplomatas ou bases francesas. O líder francês reiterou seu não reconhecimento aos militares e expressou seu apoio contínuo ao presidente deposto.

    É importante ressaltar que os interesses franceses no Níger vão além da produção de urânio do país, existe um temor do crescimento influência russa em uma região tradicionalmente influenciada pelos franceses, além do risco real de que as democracias cambaleantes da região possam ser diretamente afetada por esses golpes.

General Abdourahamane Tiani — Autoploclamado presidente do Níger
 

    Essa crise no Níger é o estopim de uma série de tensões que tem colocado as nações do Sahel novamente no centro das disputas geopolíticas globais, onde múltiplos países enfrentam o desafio de grupos extremistas e golpes.

    Mas um desafio para os governos e povos da região. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens mais visitadas